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O que as nossas necessidades nos revelam sobre nós?



Sempre que escutamos algum pai ou mãe dizendo que não concorda em atender as necessidades da criança, logo pensamos: deve haver uma confusão entre necessidade e desejo.


Para nós, inspiradas na sabedoria do Eneagrama, necessidade traduz um conjunto de coisas que é mais essencial para cada Ser, aquilo que quando suprido, gera uma motivação espontânea e faz com que nos coloquemos rapidamente em movimento, sem que ninguém precise nos forçar.


Por exemplo, há pessoas que precisam sentir-se próximas de outras. É uma necessidade de conexão tão fundamental que, ao menor sinal de sentir-se sozinhos, paralisam ou se entristecem. E por mais que queiram honrar compromissos firmados (por exemplo um trabalho ou compromisso acordado), se isso ferir essa necessidade será muito difícil cumprir esse acordo. Tendemos a dizer que a pessoa não cumpre a palavra, mas também podemos pensar que essa pessoa pode estar desconectada de suas necessidades mais fundamentais e que esteja criando rotinas e compromissos que não a atendem. Brigar contra isso é, além de desgastante, afastar essa pessoa de quem ela é em essência. Porque é possível, se aceitarmos a necessidade de conexão desse exemplo, encontrar compromissos e trabalhos que ao invés de “brigar” com essa realidade, nutram essa pessoa.


Há crianças, por exemplo, que tem uma necessidade grande de movimento. Por mais que se esforcem, será muito difícil dedicar-se a alguma atividade que dependa da quietude do corpo por muito tempo. Seja por uma questão física, emocional ou espiritual, somos quem somos e precisamos de algumas coisas para manifestar nossa essência. Com o tempo, e esse seria o papel da educação, vamos encontrando formas de ser quem somos, atender as nossas necessidades e dialogar com as necessidades de quem está a nossa volta. E, a partir disso, pensar caminhos de expressão no dia-a-dia que não violente nem a nós mesmos e nem os outros.


Nossa família, nesse sentido, tem um importante papel de nos apresentar o Mundo. É ela quem cria dentro de nós as bases para que possamos perceber quem somos, reconhecer nossas necessidades, legitimar nossa existência e, a partir disso, nos colocar em movimento e nos expressar. Para isso, é preciso que possamos criar um ambiente e relações familiares que nos dê espaço e autorização para nos conhecer. Para testar a força do nosso querer que nos movimenta a explorar as possibilidades que temos; o contato com nossas emoções e sentimentos, potências e frustrações e os limites e impactos de nossos erros e acertos, no outro, em nossa família e no Mundo de forma mais ampla.

E o começo de tudo isso vem de, ao invés de criarmos uma regra universal e inflexível para toda a família, ir construindo aos poucos os contornos, limites, na medida em que cada um vá percebendo quem é e vá vivendo suas transformações, com espaço para os atritos acontecerem. São muitas vezes os atritos que nos ajudam a aparar as arestas e criar um movimento que passa de individual para coletivo.


O que você está sentindo?
Quais pensamentos estão vindo em sua mente agora?
Do que você precisa nesse momento, para se sentir melhor?
Por que isso é tão importante para você?

São perguntas que ajudam a todos, adultos e crianças, a perceberem do que precisam, suas necessidades, e que a partir daí, libera a família para criar as regras e limites que serão capazes de contemplar o todo.


Porque no geral, nós brigamos pelas estratégias distintas que escolhemos para atender nossas necessidades. Mas quando nos conectamos nos “porquês” queremos fazer algo (seja uma birra ou a escolha de um restaurante), percebemos que no fundo estamos todos querendo sentir amor e pertencimento. E que a depender de nossas histórias, idade (maturidade neurológica e experiências vividas) e forma de Ser no Mundo, expressamos de um jeito ou de outro.


E, como em tudo, perceber as nossas próprias antes de buscar equalizar as necessidades de todo o sistema familiar é fundamental para que estejamos internamente ancorados e sustentados em nossa forma mais potente e plena de lidar com a vida. 💜

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